Monday, February 18, 2013

Sobrevivendo ao meteorito

Era dia de aniversário na família… E, de tarde, haviam marcado um meteorito como uma atração extra.  Ia passar perto, mas sem perigo algum para o planeta. Todos os telescópios focados no grande show estelar e eis que um penetra resolve roubar a cena, e quase que nos prega uma peça de mau gosto! De noite, fui jantar com a família, e a conversa ficou assim meio entrecortada, cada qual pensando com seus botões que "imagine se a trajetória do astro fosse um pouquinho diferente"…
Dias antes, em plena folia, um reforço na loucura: O papa renuncia! Vejam só o que dá nascer na segunda metade do século XX: a gente vê o homem pisar na Lua, vê estrelas caindo sobre a Terra, vê (e aprende o nome de) tsunamis se repetindo, vê a revolução nas comunicações e vê um Papa renunciar… É bem verdade que perdemos as duas guerras mundiais, mas fomos fartamente compensados com violentas e intermináveis guerras, quase que uma por semana. Guerras que já não se diferenciam de jogos eletrônicos a não ser pela contagem de mortos pois neste caso são reais. E que nos fazem lembrar do conto de Eça de Queirós – O mandarim. Basta apertar um botão… Lá longe, na distância, o mandarim cai fulminado. E deixa-nos a herança de uma ameaça: quem sabe não estamos à mercê de um outro botãozinho qualquer?
Mas o meteorito, com certeza, anda perturbando outras leis da natureza. Eis que o morto ressuscita e lá aparece o Chaves, pimpão e sorridente, segurando um jornal do dia. Será que só eu me lembro do filme Moon over Parador? Aquele com a Sonia Braga, que conta a história de uma república latino americana cujo caudilho morre prematuramente e os seus prepostos arrumam um sósia que lhes permita uma "sucessão sem percalços"?
A onda de choque demora algum tempo para chegar ao Brasil, mas chega e "mata" meu celular! De repente, estou outra vez no tempo das cavernas, sem celular, sem amigos, flutuando no vácuo, como um meteorito pré-queda. Ninguém sabe de mim, eu não sei de ninguém… Encontros, só fortuitos, por mero acaso, na calada da noite, na fila de táxi.  E agora? Paralisada, fico sem saber como agir, onde ir, como recuperar a vida que depositei num aparelhinho um pouco maior que uma caixa de fósforos.
Refugio-me no cinema, para aproveitar o ar condicionado e a fantasia dos outros. Escolho As sessões e me comovo. Uma história real de alguém capaz de viver de suas palavras. Bravo!

No comments: