Olá, amigos.
Passei muito tempo sem postar nada aqui, mas estava viajando e fui fazendo comentários no facebook. Não dá para tudo, muitos textos para escrever, muitos canais de comunicação, e a gente vai se virando como pode, reclamando das conexões no exterior, reclamando do peso do computador, do dia de apenas 24 horas, mas cada vez mais dependente dessas maquininhas maravilhosas e de sua possibilidades que nem sempre dominamos.
Bem, escrevi textos para congressos e colóquios, viajei, voltei e ontem, de volta ao meu recanto no Leblon, participei de uma cena digna de Discovery Channel. Na hora do almoço, ao sair, já tinha me maravilhado com a beleza do Rio. Paris e Londres são lindas, imponentes, cheias de culturas e charme. Mas o Rio é deslumbrante com essa natureza toda, esses recantos verdes intensos, as montanhas, o mar que torna o ar mais suave para nossas mucosas, e ainda nos diverte com suas cenas. Só que nem eu mesma tinha me dado conta do quão "naturais" somos. Imaginem que tenho uma varanda que é protegida por uma dessas redes de proteção. Quando vieram instalar a rede aqui em casa, o rapaz , que não viu sinal de crianças, perguntou se era para a minha gata. Já não me lembro se respondi o que tive vontade de dizer na época, que era uma garantia contra mim mesma, tentada que podia me sentir pelo abismo. Acontece que a rede aqui está, e acontece que ela virou um local de repouso para passarinhos, que me visitam todos os dias. Não sou daquelas que colocam vidrinhos com água com açúcar, nem nada. Eles visitam porque na varanda tem plantas e eles, aparentemente, gostam de pousar nos fios da rede. Ontem, porém, estava olhando para fora quando vi que um passarinho entrou desesperado pela rede e procurou abrigo na minha biblioteca. Num flash de segundo depois, um falcão se chocou contra a rede, e foi embora, desapontado. Minha filha, aninhada a meu lado, envaideceu-se:
"Viu? Todos sabem que serão protegidos e acolhidos aqui!"
E eu finalmente entendi por que razão existia essa rede em volta de minha casa. Uma rede/"haven" para os mais fraquinhos e assustados. Mas também entendi que minha biblioteca, por mais absolutamente encantadora que seja, não é o lugar ideal para um passarinho assustado. Eu escutava seus pios agudos e vi que ele ainda precisava de mais ajuda. Fizemos um grande mutirão. A filha buscando a escada e o pano de prato, o filho subindo nas alturas e pegando o bichinho assustado, que não se rendia fácil. Eu dava as orientações. E ainda havia uma plateia, preocupada, torcendo. Finalmente o passarinho foi apanhado e colocado no vaso de plantas. Ainda dentro da varanda, mas sem perigo de machucados por conta de batidas contra a vidraça e aprisionamento no labirinto dos livros... Lá ele descansou, recuperou-se e, quando se decidiu, foi embora. Deixou saudades. Um passarinho que vem cantar de manhã em nossa janela é sempre uma alegria. Espero que ele volte, sempre que quiser. E, por incrível que pareça, fico satisfeita de ter frustrado os planos do falcão, mas espero que ele tenha encontrado uma outra boa refeição. Quem sabe um roedor? Por favor, senhor falcão, não este passarinho que agora quero chamar de meu. Não na minha janela. Mas também não abandone minha vizinhança, e deixe-me ver, de vez em quando, seu belo voo e sua perícia. Gosto de viver num lugar onde a natureza ainda se mantém próxima o bastante para desenrolar-se, ao vivo e a cores, sem câmeras intermediárias...
Passei muito tempo sem postar nada aqui, mas estava viajando e fui fazendo comentários no facebook. Não dá para tudo, muitos textos para escrever, muitos canais de comunicação, e a gente vai se virando como pode, reclamando das conexões no exterior, reclamando do peso do computador, do dia de apenas 24 horas, mas cada vez mais dependente dessas maquininhas maravilhosas e de sua possibilidades que nem sempre dominamos.
Bem, escrevi textos para congressos e colóquios, viajei, voltei e ontem, de volta ao meu recanto no Leblon, participei de uma cena digna de Discovery Channel. Na hora do almoço, ao sair, já tinha me maravilhado com a beleza do Rio. Paris e Londres são lindas, imponentes, cheias de culturas e charme. Mas o Rio é deslumbrante com essa natureza toda, esses recantos verdes intensos, as montanhas, o mar que torna o ar mais suave para nossas mucosas, e ainda nos diverte com suas cenas. Só que nem eu mesma tinha me dado conta do quão "naturais" somos. Imaginem que tenho uma varanda que é protegida por uma dessas redes de proteção. Quando vieram instalar a rede aqui em casa, o rapaz , que não viu sinal de crianças, perguntou se era para a minha gata. Já não me lembro se respondi o que tive vontade de dizer na época, que era uma garantia contra mim mesma, tentada que podia me sentir pelo abismo. Acontece que a rede aqui está, e acontece que ela virou um local de repouso para passarinhos, que me visitam todos os dias. Não sou daquelas que colocam vidrinhos com água com açúcar, nem nada. Eles visitam porque na varanda tem plantas e eles, aparentemente, gostam de pousar nos fios da rede. Ontem, porém, estava olhando para fora quando vi que um passarinho entrou desesperado pela rede e procurou abrigo na minha biblioteca. Num flash de segundo depois, um falcão se chocou contra a rede, e foi embora, desapontado. Minha filha, aninhada a meu lado, envaideceu-se:
"Viu? Todos sabem que serão protegidos e acolhidos aqui!"
E eu finalmente entendi por que razão existia essa rede em volta de minha casa. Uma rede/"haven" para os mais fraquinhos e assustados. Mas também entendi que minha biblioteca, por mais absolutamente encantadora que seja, não é o lugar ideal para um passarinho assustado. Eu escutava seus pios agudos e vi que ele ainda precisava de mais ajuda. Fizemos um grande mutirão. A filha buscando a escada e o pano de prato, o filho subindo nas alturas e pegando o bichinho assustado, que não se rendia fácil. Eu dava as orientações. E ainda havia uma plateia, preocupada, torcendo. Finalmente o passarinho foi apanhado e colocado no vaso de plantas. Ainda dentro da varanda, mas sem perigo de machucados por conta de batidas contra a vidraça e aprisionamento no labirinto dos livros... Lá ele descansou, recuperou-se e, quando se decidiu, foi embora. Deixou saudades. Um passarinho que vem cantar de manhã em nossa janela é sempre uma alegria. Espero que ele volte, sempre que quiser. E, por incrível que pareça, fico satisfeita de ter frustrado os planos do falcão, mas espero que ele tenha encontrado uma outra boa refeição. Quem sabe um roedor? Por favor, senhor falcão, não este passarinho que agora quero chamar de meu. Não na minha janela. Mas também não abandone minha vizinhança, e deixe-me ver, de vez em quando, seu belo voo e sua perícia. Gosto de viver num lugar onde a natureza ainda se mantém próxima o bastante para desenrolar-se, ao vivo e a cores, sem câmeras intermediárias...
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