Tuesday, June 07, 2011

Recantos


Alguns recantos escondidos de Paris me deixam encantada. A gente vê uma porta aberta e encontra um pátio, ou uma escada curvando-se suavemente para ambientes que a gente não conhece, mas que sonha que são magníficos.
No meu primeiro dia em Paris, tirei a foto desta escada. Um pátio, que levava a uma lojinha de curiosidades, já não me lembro bem de que era a loja, mas tinha a ver com cozinha… Desculpem. logo à esquerda esta escada, cuja suavidade dos degraus e da sua curva nos convidam a subir. Ao fundo do pátio, uma árvore carregadinha de nêsperas, e, embaixo da árvore, uma estátua de bronze de um viado. Tirei foto de tudo, mas o blog não aguenta tanta imagem. Fiquei com a da escada, que nos eleva.
No dia seguinte, lá fui eu flanar perto da Notre Dame. Tinha até escolhido uma imagem dela, de um ângulo mais inusitado. Mas acabei optando por um poço abandonado ao lado da igreja de Saint Julien Le Pauvre..
Repito: ao lado de St. Julien Le Pauvre. Mesmo abandonado, um poço ainda é uma promessa de água, para nos dar vida e sustento. Fiquei com estas simbologias tão positivas e imagens que adorei.
Gosto destas lembranças assim, só minhas. Vou pela cidade, lembrando: aqui recebi um telefonema de uma amiga, que não sabia que eu estava viajando, aqui senti pena de uma mendiga cujo cheiro forte me impediu de examinar o mapa do ônibus. Ali sentei para descansar, e fiquei conversando com o Gui sobre o que se come no paraíso. E por aí vai. Beber água numa determinada fonte, marcar com alguém para se encontrar num determinado lugar, preferir um determinado cinema a outro, são essas pequenas coisas que fazem das cidades e dos lugares alheios, recantos cheios de lembrança. Criamos uma geografia sentimental que se superpõe aos mapas e gps. A gente sabe ir a tal lugar porque passa por uma árvore que sempre está florida nesta época do ano. E come em tal restaurante porque era ali que seu amor gostava de comer uma sobremesa especial. E dá a volta no quarteirão só para ver um portãozinho de ferro batido que você acha lindo. Por isso volto a Paris, e cada vez que volto entesouro mais coisas que farão da Paris de todos, uma Paris toda minha, especial.

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