Monday, September 14, 2009

Rapidinha

Semana difícil a minha, com muito trabalho, mas queria registrar aqui minha tristeza pela morte do Norman Borlaug, "pai da Revolução Verde", ganhador do Nobel da Paz em 1970 por seus trabalhos que ajudaram a alimentar o mundo. No entanto, como o ser humano tem um gene defeituoso (Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, dizem, mas esse negócio de transferência de tecnologia é perigoso, avisem ao Lula!, a tecnologia pode vir contaminada), as safras viraram objeto de especulação financeira, ao invés de serem obrigatoriamente divididas e distribuídas pelo mundo. Quem me dera um mundo sem fome, um mundo em que a gente olhasse o sofrimento dos outros e se compadecesse, ao invés de se congratular pela boa sorte que teve, ou de dizer aquela frase odiosa: "antes ele do que eu". Bem, tenho um gene Madre Teresa, mas é recessivo e preguiçoso. Nunca vocês me verão à frente de campanhas e movimentos, criando fomes-zeros pelo mundo afora. Mas procuro educar minha família, na esperança que um deles venha a fazer alguma diferença. Mas cumpro os pequenos gestos: Procuro não desperdiçar, procuro reciclar, cuido com carinho das limpezas das ruas e praias que frequento. Meu grande crime ambiental é a quantidade exagerada de livros que compro, mas agora já tenho um kindle, e os livros em inglês vou comprá-los desta maneira eletrônica. Não gosto muito, mas devo estar salvando alguma árvore, com esse esforço de ler na maquininha. 
Guido me mandou mais um link, tudo o que ele me manda é interessante, e agradeço. Ele também tem um blog, de fractais, que um dia serei capaz de listar aqui no meu blog. Vocês, que acompanham meu blog há mais tempo, já tiveram a chance de ver a beleza desses fractais, pois ele já me mandou imagens que reproduzi aqui.
Hoje o caderno de tecnologia do Globo diz que twitter emburrece, mas facebook não. Ora vejam só! E eu que achava que era exatamente o contrário, pois o FB está cheio de coisinhas engraçadinhas que nos fazem perder um tempo louco, ao invés de fazer algo sério. Recebo mil e um convites para saber coisas do tipo: que bairro eu sou? que escritor eu sou? que música eu sou? que pintor eu sou? que cor eu sou? No início, respondi a uns questionários, mas logo percebi que era tudo uma roubada. Minha cor é azul, cor que escolhi, que amo e que faço constar em quase tudo o que escrevo, mas se eu tiver que ser uma cor, preferia ser o arco-iris, algo assim matizado, variável, ligando um mundo a outro. Vocês sabem porque o arco de cores se chama Iris, não? Porque Iris era a mensageira dos deuses, e sempre que estes tinham algo a comunicar ao "cerumano" (li isso outro dia e adorei, mas me esqueci onde foi) mandavam a bela deusa até nós e esse era o caminho da deusa. Meu amor nasceu numa ilha cheia de arco-iris, uma ilha perdida no meio do Atlântico Norte, muito verdinha, onde as cercas são feitas por hortências, brancas, azuis e cor-de-rosa. Essas hortências são tão abundantes por lá que chegam a parecer cascatas, quando as contemplamos ao longe, descendo as encostas das montanhas. Juro que não fantasio, que a ilha é assim mesmo. Mas seus habitantes nem ligam para toda essa beleza. Reclamam da chuva, que cai a toda hora, sem perceberem que essa é a condição para o aparecimento das cores no céu. E consideram as flores uma praga, de tempos em tempos os tratores arrancam os arbustos, sem piedade. Nunca uma dona de casa de lá enfeitou a casa com hortências, até o dia em que saí da casa de minha sogra munida com uma tesoura e voltei com braçadas de flores (azuis, claro) e fui colocando em todos os vasos da casa. Minha sogra já não estava mais lá, e a casa andava meio triste, sem os arranjos de flores que ela gostava de fazer. Meu sogro, que me olhou com espanto quando me viu entrar, quando viu a casa toda florida se admirou:" Nunca tinha notado que essas flores fossem tão bonitas! ", ele me agradeceu. E, da vez seguinte que veio ao Brasil, me trouxe um quadro onde as hortências apareciam em primeiro plano. Não são lindas, as minhas histórias? Será que no futuro terei mais histórias de beleza igual? Ou vou ter que ficar para sempre recorrendo a esse estoque, que já vai ficando antigo?
Vejam como sou: saí do FB e fui parar nos Açores (Ilha Terceira, para os mais curiosos). E agora vou correr atrás do tempo perdido, pois, como li na crônica do JFS, "o relógio maaaarrrca…" São os últimos momentos para meus trabalhos na UFF!

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