Vim escrever por duas razões: a primeira, para agradecer ao Guido pelo link que adorei. Vou usar no meu trabalho, sim. E avisar que recebi pelo blog, claro!
A outra é para sugerir um outro final para a Ivone (Yvonne?). Confesso que fiquei fisgadinha por esse final de novela, e que acompanhei muitos capítulos, embora tenha sido uma relação Norminha/Abel. Eu fui infiel como a Norminha, mas fazia coro com o Abel e dizia: você não vale nada, mas eu gosto de você. E paro por aí, não quero saber o por quê, pois o bom do amor ou do gostar é esse mesmo, a gente gosta e ponto. E se examina demais, deixa de gostar.
Voltando ao final: desde sexta que só ouço gente reclamando e dando seus finais, ou leio twits comentando as cenas, essas coisas. O que eu acho mesmo é que todo mundo queria era prolongar um pouco mais as histórias e seu encantamento. Mas, já que os palpites estão por toda a parte, aqui vai o meu: Se eu fosse a autora, a Ivone não fugiria. Golpista do jeito que ela é, e lendo sobre o que acontece nas penitenciárias, ela se "converteria" e terminaria "bispa". Grande golpe, não?
Bem, não percam seu tempo aqui comigo, o dia está lindo, a praia nos chama. Vamos todos caminhar pelo Leblon antes que comece a nova novela e a gente passe a tropeçar nos famosos por aqui. E aí vocês podem me perguntar: e não é para a gente tropeçar nos famosos, que vai ao Leblon? Não. A gente também curte bater longos papos na esquina do Zona Sul, cumprimentar os lojistas que nos conhecem e até sabem o nome do pessoal lá em casa. A gente curte o jornaleiro que nos entrega o jornal favorito antes mesmo que peçamos (e olha que é só aos sábados que a gente vai lá!) A gente detesta o cara que circula com seu megafone comprando tudo velho, adora o vendedor de brinquedo artesanal que aparece aos domingos, se deixa tentar pela empada apregoada com voz tão forte que chega até aos andares mais altos dos prédios, sorri para os rostos que, de tão vistos, se tornam conhecidos. Curte o nascimento de Maria Eduarda, e celebra a volta de sua mãe ao Celeiro. Lamenta a falta das coxinhas do bar da esquina, fechado para reformas. Se arruma só para dar uma voltinha, chegar até a praia e voltar, tomando um picolé de limão. Se admira com o surgimento de mais uma novidade em termos de restaurante, gasta mais do que pode na livraria, e, quando o que se quer não está nessa, vai na outra, um pouco mais longe, e acaba indo até ao teatro! A gente conhece os cachorros que desfilam seus últimos modelitos de tênis, óculos e viseiras. Ri com o Beethoven saltitante, conta as embaixadinhas na esquina do Cafeína, e imagina histórias para o atleta… Adora saber que tudo está a uma distância facilmente transposta pelas suas próprias pernas, e que só precisa de carro para as longas excursões até as terras estrangeiras de Búzios, Itaipava ou Angra.
E chega! Vou para a rua, provar de tudo o que recomendo.
2 comments:
ohhhhh!!!!humilhadaaa!!!
Nadanonada fica como nessa?
Acho que voce nao escreve nenhuma abobrinha, sua sinceridade e transparencia no que escreve faz a diferenca. É bom ler o que voce escreve. Por isso nao deixo de ler o Nadanonada toda semana.
Ah! hoje fui ao parque Palermo e lembrei de voce, fez um calor, parecia RJ.
Beijos,
Amauri
Não deixa de chamar atenção uma característica nas telenovelas da TVGlobo, qual seja o tratamento dado a personagens que estão próximos ou envolvidos com a marginalidade. Lembro os casos pertinentes à Duas Caras e à Senhora do Destino; agora temos novo exemplo em Caminho das Índias. É interessante notar que os personagens Juvenal Antena, Giovani Improta e esse jovem Zeca, são, em maior ou menor graus, nocivos à sociedade, pois o crime, a contravenção ou a delinquencia estão perto do cotidiano em que eles se movem nas tramas.
Juvenal Antena, o líder da única favela sem mosquitos do Brasil, a adorável Portelinha, pode ser facilmente identificado com esses milicianos que dominam algumas populações dos bairros cariocas. Tal condição, a de chefão com poder de decidir sobre a vida ou a morte dos apadrinhados e vizinhos da comunidade, não impede de receber um tratamento glamoroso, como se, na realidade, as ações de tais personagens fossem, no final das contas, positivas e benéficas. Outra tentativa de pasteurizar o crime nos foi mostrada com o personagem do bicheiro que José Wilker interpretou em Senhora do Destino. Giovani Improta é o bicheiro que todos gostariam de ter como amigo: simpático, gentil e carinhoso, seus próprios asseclas mais se assemelhavam a um bando de trapalhões do que a perigosos executores das ordens do chefão. Por fim temos o Zeca, elemento nocivo em Caminho das Índias. Lendo a sinopse nos jornais, vemos que ele vai produzir a morte do bebe da personagem Duda. Apesar disso, também escapa da condenação, pois os meandros da justiça brasileira o encaminham ao cumprimento de pena inócua, qual seja a de prestar algum serviço social. É interessante, porém , notar, que os autores “liberam” tais personagens de um julgamento maior pela sociedade. Eles, na verdade, não suscitam vergonha ou descrédito ou repulsa. Essa pasteurização da justiça na dramaturgia é um fenômeno que deveria ser estudado, pois a convivência com a transgressão, regra dominante no Brasil, como o próprio Congresso Nacional exemplifica, adquiriu um grau de “normalidade” que poderia ser considerado irracional. A indiferença ao crime e à transgressão já fazem parte de nossa vida social e a dramaturgia na TV se vê atraída por tais elementos, maquiando esses personagens para os tornar amigáveis e até benéficos. O caso agora dese jovem Zeca é mais gritante, por ser ele jovem de classe média e não nascido em ambiente social degradado. Ele não vai sofrer nenhum impedimento e a autora o eximiu até de uma condenação “divina”, por assim dizer, pois um acidente de carro, por exemplo, poderia o condenar à uma cadeira de rodas. Nada disso, ele vai trabalhar com crianças (até a Feiticeira queria trabalhar com crianças, lembro de uma entrevista dela, pra ensinar a usar o chicotinho), pois o crime não acarreta culpa na TV Globo. O Zeca afinal matou um feto em gestação e isso não é chocante para nós. Como aquele jogador de futebol, denominado Animal, que matou 3 pessoas numa esquina e anda solto na cidade. É a treva!
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