Saturday, August 15, 2009

Notícias do SPA

Ainda não sei como, mas no meio da semana acabei aterrissando num Spa em Itaipava. Vim na doce esperança de um sossego, de tempo para escrever os trabalhos para a UFF, essas coisas. Mas, chegando aqui, me vi aprisionada num universo paralelo onde a vida se desenvolve de um modo peculiar e muito diferente do meu mundinho sempre tão igual. Um Spa reúne as pessoas mais diferentes e com os objetivos mais exdrúxulos (adoro esta palavra). Todo mundo parece animado por uma pilha inesgotável, e se reúne em rituais estranhos, em volta de mesas sempre com comida insuficiente, mas onde não se fala de outra coisa que não seja comida em abundância. Esses seres famintos se deslocam como zumbis de um recanto a outro do Spa, e se animam ao som de músicas cheias de batidas ritmadas, se submetem a rituais de pesagem, como cavalinhos no Jockey, escutam as palavras de sabedoria proferidas pela nutricionista, mergulham em piscinas aquecidas, suam as camisas apesar do frio insano, e, à noite, ainda se exibem em infindáveis Karaokes, com músicas de uns 20 anos atrás… Deve ser alguma coisa que põem nos chás diuréticos, única coisa que os hóspedes podem tomar à vontade! 
Vendo que não ia dar mesmo para fazer o meu trabalho atrasado, graças às dores musculares que adquiri logo no primeiro exercício que fiz, isso para não falar na sensação de vazio no estômago, decidi me dedicar à única atividade razoavelmente prazerosa que encontrei:  as sessões de massagens redutoras. Em resumo, aqui estou eu, com fome, dores musculares, diversos hematomas distribuídos pelo corpo, escutando, ao longe, o animado Karaoke. Mas, o que mais me divertiu aqui foi a variedade de tipos humanos que encontrei. Os hóspedes não variam muito, claro, alguns são mais inconvenientes que outros, como a senhora que insiste em documentar todas as atividades com sua câmera, invadindo a privacidade de todos. Já os funcionários, cada qual tem um perfil, e servem de inspiração para muitas histórias que se podem imaginar. Não vou contar nenhuma aqui – falta-me apetite (rá!) e tenho sono. Mas, um dia, quem sabe? Posso, por exemplo, casar o rapaz gordinho (sou muito delicada) com a jovem garçonete sonhadora. Agora, faço como Machado e me despeço com um "boas noites".

2 comments:

Ana Cristina Melo said...

Pense no lado bom (além da massagem, é claro!). Se não foi possível dar jeito no trabalho atrasado, por outro lado, você ganhou um baú de inspirações! Beijos.

Guido Cavalcante said...

Primeiro "Peixes e Pescados", depois texto sobre ceia & lanches e agora num SPA! Não deixa de haver uma certa metáfora aqui, nessa oposição entre o prazer da mesa abundante e a tirania da saladinha e do suquinho...