Saturday, April 25, 2009

Ontem não deu...

Pois é. Ontem tive um dia cheio. Estou oferecendo uma oficina de contos aqui no SESC Arsenal, em Cuiabá. Mas ontem tive, além da oficina, uma mesa redonda, que não foi assim tão redonda já que era composta apenas de duas pessoas -- uma poeta local, Luciene Carvalho, cujo último livro, Insânia, trata de sua experiência num manicômio onde esteve internada, pelo que eu entendi, por problemas de drogas e bipolaridade, e eu. Claro que eu não podia ter nada que fosse tão interessante quanto a loucura, eu, que sou apenas eu, embora me sinta trezentas, ou trezentas e cinquenta, como na poesia de Mário. Mas vivo no limite dessa Lucia que construí a duras penas, e que vou colando com palavras e lembranças, para não desmoronar. Quem me dera ter uma persona, como revelou a Luciene, que se pode despir à noite para ir dormir. Eu tenho que ir dormir com a cabeça cheia de idéias, frustrações, apreensões, cansaço, nem sempre descanso bem, acordo meio amarfanhada e vou à luta, esticando um pouco daqui, puxando um pouco dali, para fazer frente ao que surge.
Mas Luciene encantou a audiência com sua exuberância, sua palavra fácil e suas confidências. Afinal, ela é uma atriz, interpreta suas próprias poesias nos palcos que encontra. E tem tanta competência que vai abiscoitando os incentivos fiscais e culturais que encontra, o que permite que ela confesse, orgulhosa, que vive de literatura. Ela me faz lembrar a Elisa Lucinda, outra performática, que se expõe corajosamente, com seus versos. Não cheguei a conhecer os versos da Luciene, não aprecio o gênero de versos da Elisa Lucinda, mas isso não me impede de admirar as duas, pela garra que têm pela vida.

2 comments:

david leinad said...

o simples fato de vc ir a luta lhe torna especial dear Lucia.
abraço.

Anonymous said...

Sábia,Lúcia.Também.
Um abraço, Catroli