Wednesday, April 09, 2008

Que atraso!

Hoje percebi que não tinha visto ainda os comentários das últimas postagens. Parabéns, Vera Helena! Desculpe o atraso. Não tinha lido os comentários de Eugênia e de Guido, nem agradecido minha nova leitora, a Bela. Ultimamente (ou seria sempre?) parece que o tempo me escapa, estou sempre atrasada, sempre com a sensação de que deixei de fazer alguma coisa. Olho à minha volta e vejo os livros que se multiplicaram e já invadiram minha mesa de jantar, lembro-me de Cortázar, com a Casa tomada. Lógico que os livros não são essa ameaça autoritária, pelo contrário, são amigos, mas amigos exigentes, que reclamam: Leia-nos ou te devoramos, venha para nosso mundo de fantasia, esqueça as tuas dores e chore as nossas, abdique dos teus prazeres e viva os nossos...E eu cedo, entrego a eles os meus dias, meus devaneios. Carrego-os em meus braços, acomodando sempre mais um. Mesmo quando me fazem sofrer, como os livros de Coetzee, eu os acolho, e eles vivem em meus pensamentos. Não admira que não encontre tempo para ir ao médico, para ir ao dentista, para ir ao cinema, para sair com amigos. Nem minhas lições de piano tenho feito direito, e logo agora, quando já estou tocando alguma notinhas de Beethoven e outras de Brahms. Ah, queria tanto fazê-las soar lindamente, mas me atrapalho, me confundo, tenho medo de desanimar meu professor. Tenho que praticar todos os acordes (aliás, quem foi que outro dia disse no jornal que estava gostando mais de acordes que de mulher? Foi um músico desses conhecidos.) mas na hora de combiná-los com a melodia, não consigo. Mas continuarei. No fim do ano convido a todos para uma audição, nem que seja no You Tube.
Ah, esqueci de avisar que Histórias Possíveis está de volta. Não deixem de conferir as nossas historinhas!

2 comments:

Guido Cavalcante said...

A falta de tempo é uma das "neuras nacionais". O tempo nos escapa, enredados nessa forma de viver que nos soterra sob infinitos e intermináveis compromissos. De certa forma já se tornou um cacoete social: outro dia observava as pessoas esperando o metrô - elas se comprimem na área demarcada para acesso às portas, desafiando a vertigem do trem em disparada. Mal a porta abre, precipitam-se. Do outro lado, alguns julgando-se espertos atropelam os passageiros que saem, entrando antes que os outros o façam. Assim, ínfimos segundos adiantados, sentam aliviados com a efêmera conquista, antes que o tempo se esgote. Repetimos esta interminável jornada de vencer o relógio, para chegar todos juntos, mesmo os atrasados, em lugar nenhum. Hilário.

Um amigo australiano me chamou atenção para esse estresse coletivo em que vivemos pela falta absoluta de tempo. Estamos sempre atrasados e perdemos as melhores coisas que a lenta passagem do tempo oferece. Ele não compreendia porque nos empenhamos tanto em acabar logo com o paraíso.

Vera Helena said...

Muito obrigada, Lúcia! Já havia recebido seu e-mail.
Como diria o Salomão, menos um ano!

Beijos,