A última vez que estive na FLIP foi há dois anos, com o Guilherme. Encontramos muita gente querida, e outra gente que se tornou querida por lá. Passeamos pelas ruas da cidade com aquele jeito de turistas com um propósito, e fomos a todos os lugares recomendados, nos deixamos seduzir por todas as exposições, paramos em frente aos camelôs que nos maravilharam com suas artesanias e seus bonecos contadores de histórias. Chovia, e nós saltavamos as poças que se criavam entre as pedras irregulares da rua. Às vezes não havia como escapar da lama, que se tornava uma lagoa, mas nós olhávamos os cachos floridíssimos dos buganviles e esquecíamos os pés molhados. Acho que estou evitando voltar a Paraty para não substituir essas lembranças.
Passei uma semana muito ocupada, mas continuo as leituras. Vou devagar e sempre na Nadine Gordimer (The House Gun), livro denso. Fui de um só fôlego na Verônica Stigger, a promissora. Já tinha lido Toda terça, da Carola Saavedra. Agora me deu vontade de ler toda essa galera, inclusive o Galera, de quem já li Mãos de Cavalo. Quero conhecer o jacaré do Mastigando humanos, quero ler alguma coisa além das reclamações de Berlim da Cecília. Mas preciso de arranjar tempo para isso. Estou na fase final da obra, meio que paralisada com a mudança (ô que coisa mais amendrontadora, meu Deus!) e com um conto começado pelo qual estou particularmente fascinada. Chama-se Nove sultanas. Não é lindo o nome? Pois é. Quero lê-los, mas isso não quer dizer que eu os admire. Mas quero entendê-los, ou malentendê-los, antes de falar neles.
Despeço-me com um poema.
Caneta tinteiro
Uso minha caneta tinteiro
como se fosse um falo.
Acaricio, aperto, estreito,
não deixo que desfaleça
antes que em minhas mãos estremeça
e seu espesso sumo exploda sobre o papel:
É meu, apesar de eu sempre dizer que não escrevo a mão. Mas, na verdade, tenho um verdadeiro fetiche por canetas, lápis, lapiseiras e todas essas coisas de papelaria. E por hoje é só.
3 comments:
Não li e já gostei do Nove Sultanas. E, além de tudo, você é poeta. E das boas. Li de arrancão tres livros do Ian McEwan: Reparação, Na Praia e Sábado. Gostei mais do primeiro, mas são todos ótimos.
E não tem nada a ver a C. Gianetti: em um jantar, alguém que se dá c/ a mãe dela confessou - o tempo que ela passou em Berlim ela não fez outra coisa se não reclamar que no banheiro não tinha água quente. Não esgrudava do fone com mammy. Como a brilhante escritora não fala alemão ( e será que também no habla inglés, ni francés) não entendia as explicações. Estava a ponto de abreviar a estadia na cidade... Em uma das mesas ela afirmou que em Berlim não tem o que fazer. Despreparo expresso!
Bicocas da fã, agora em novo endereço, para ver se aquece o ânimo internáutico, Eugenia.
Oi, como cantaria o Adoriran Barbosa, "oi nós aqui outra vez". Inspirada em seu poema, resolvi por no ar um das minhas primeiras experiências em escrever curto, acho que contos. Está na minha nova casa: netasdaema.blogspot.com
Escreve depois o que você achou. Beijos da Eugenia.
gostei do poema também.
caneta e falo
Post a Comment