Nunca esteve nos meus planos sair na frente, agitando bandeiras, como a Marianne (aquela que é símbolo da República Frencesa). Mas, de repente, não mais que de repente, estou aqui como signatária do manifesto 00.
Para vocês saberem do que se trata, leiam abaixo. E riam, pois acho que é o único remédio.
MANIFESTO 00
A literatura nos une. O humor nos desune.
Todas as vozes. Todas as particularidades. Todos os estilos. Todas as ausências de estilos. Somos o que nos falta. Somos o que falta ao outro. Somos o que falta à falta.
Abaixo os manifestos.
Pela despapelização das idéias e pela idealização dos papéis
Não julgue o poeta pela métrica ou pela ausência de métrica.
Pelo silêncio que antecedeu o Big Bang.
Abaixo os romances narrados e/ou protagonizados por répteis, aves, cães, padres, poetas, assassinos em série e afins.
Vá às escolas e fale sobre livros e autores; aprenda e seja apreendido.
Deus não existe.
O futuro a Deus pertence. O futuro, adeus.
Trate o leitor com respeito suficiente para não subestimá-lo – ou superestimá-lo.
Não trate a imprensa com condescendência. Não aceite ser tratado com condescendência pela imprensa.
Incorpore a merda e o sangue derramados. Mas com amplos significados, é claro. E com sutileza, por favor.
Não critique quem aceitar trabalhos sob encomenda.
Aceite encomendas e torne-as algo seu.
Abaixo os bons sentimentos. Bons sentimentos causam câncer.
Abaixo as boas intenções. Boas intenções causam câncer.
A boa literatura é amoral. E o bom escritor, imoral.
Não menospreze qualquer vencedor de concurso, ainda mais se você tiver participado – e perdido.
Não supervalorize qualquer vencedor de concurso, ainda mais se você tiver participado – e vencido.
Em literatura, o acaso não existe. Você descobrirá isso um dia, por acaso.
Chame as coisas pelos nomes. Especialmente quando tratar de sexo.
Abaixo toda e qualquer metafísica.
Contra a metaforização excessiva.
Realidade: menos metafórica, mais metadêntrica.
Abaixo os nefelibatas alcoólicos, os crentes de uma suposta superioridade dos escrevinhadores e literatos, os que se fiam em transes e inspirações divinas ou demoníacas ou lisérgicas ou político-partidárias.
O diabo não existe. Karl Marx está morto.
Não à demagogia travestida de "consciência social", à incivilidade, à barbárie travestida de "contestação", ao movimento dos não-alinhados, aos suicidas frustrados, à invasão das salsichas gigantes, à terceira via, às balas perdidas, à literatura engajada.
Não a quaisquer bairrismos.
Unamo-nos todos na suruba dos diametralmente opostos.Por ANDRÉ DE LEONES, HENRIQUE RODRIGUES, VANDRÉ ABREU, LÚCIA BETTENCOURT e WESLEY PERES.
5 comments:
Vc está para este movimento como a Rita lee estava para os Mutantes...
PS: O André o Arnaldo Baptista
Ehê! Adoro os Mutantes!!!
William James definiu algures a Metafísica como apenas um esforço extraordinariamente obstinado para pensar com clareza.
0 leitor é exortado.
De fato, se o conflito entre certas convicções do senso comum não for tão-só aparente, mas real, então algumas dessas convicções estão fadadas a ser falsas.
by juca
Um real. Nem mais, nem menos.
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semelokertes marchimundui
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