Suponho que o nome do prêmio tenha sido escolhido em homenagem ao livro de Mário de Andrade, Clã do Jabuti, que resultou de sua viagem de "descoberta" do país. Pois o Brasil é um país que ainda está por se descobrir, se conhecer. Somos 300, somos 350, múltiplos, diversos, espalhados e antagônicos, solidários e individualistas. O que nos une? Um "certo instinto de nacionalidade", que o bruxo do Cosme Velho percebeu mas não soube explicitar. Mas é esta coisa que se acende dentro de nós e nos aquece na torcida, seja de Copa do Mundo, seja de premiação.
Na lista de finalista de romance, suponho que dez ótimos livros. Não li todos, mas os que li confirmam minha suposição. Livros de autores admirados, livros de amigos queridos, livros de pessoas a descobrir. Torci, queria que os amigos ganhassem, é claro, mas o que todos desejamos sempre, a cada ano, é que o prêmio mantenha seu prestígio e descubra nosso talento, afirmando-o com orgulho.
Quem vence o Jabuti tem uma responsabilidade com nossas letras, a responsabilidade de zelar pela nossa cultura, sem demagogias nem estrelismos, mas reconhecendo e ensinando nosso valor cultural. Quem vence o Jabuti, na verdade, somos nós, os leitores, que todos os anos vemos a grande produção cultural de nosso país receber a atenção e reconhecimento. Quem vence o Jabuti representa, entre tantos irmãos, nosso esforço e dedicação às letras, ao pensamento, à invenção de uma nação.
1 comment:
Lucia, nem me atrevo a comentar nada: só dizer que você é brilhante mesmo, com uma sabedoria imensa, produto de reflexão de uma vida, ou várias outras. T.T.
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