Tuesday, July 09, 2013

Quem sou eu, afinal?

Esse negócio de autoentrevista combinou-se com essa coisa de espionagem de meus posts, de minha correspondência eletrônica, e de minhas ligações por celular. Será que sou assim tão interessante? Devo estar na lista das pessoas mais procuradas do planeta, como serial killer: matei de tédio todos os agentes encarregados de ler e escutar os testemunhos de minha vida. Perdão, mil vezes perdão. Sempre me ofereço para melhorar as coisas com minha imaginação, mas as pessoas continuam interessadas na "verdade". Mas qual é a minha verdade verdadeira? As coisas que faço cotidianamente, acordar sempre cedo, escovar os dentes, tomar o mesmo café, puro, sem açúcar?
Ou seriam meus sonhos, minhas lembranças? Sou aquela que tem um jardinzinho, com plantas cultivadas em memória de pessoas amadas, que já se foram. Sou a que não olha álbuns de fotografias, com medo de chorar, mas que guarda as fotos e conversa com elas, nos portarretratos espalhados pela casa. Sou a que sorri quando encontra os amigos, e que os abraça com vontade de transmitir a eles a grande alegria que me dão, sendo meus amigos. Sou a que encontra refúgio entre as páginas de um livro, e a que conversa com passarinhos que visitam seu jardinzinho. Sou a que se entristece quando um bibelo barato se quebra, pois ainda lembra do carinho de quem lhe deu aquele enfeite, e dos olhos que já contemplaram aquelas coisas, e que se fecharam para sempre.
Sou também aquela que plantou algumas árvores, fez alguns filhos escreveu alguns livros. Continuo escrevendo livros na esperança de que alguém os leia. Talvez ainda plante alguma árvore, no futuro, ou mesmo um pequeno arbusto. Mas não farei mais filhos, os que tenho alegram minha vida, preocupam minhas noites e me fazem temer o futuro, que vislumbro ameaçador e pouco gentil. O futuro… devia estar me preocupando com o presente, que é somente o que temos. Aqui e agora, mas conscientes de que a vida se expande por longos anos, e que continua além de nós, portanto, para permitirmos a todos viver e aproveitar, é preciso cuidar e conservar.
Resumindo: sou sem graça, mesmo quando pretendo oferecer uma versão menos chata de mim. E sofro por isso. Mas tento consolar-me, da melhor maneira que consigo.

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