Monday, August 03, 2009

Despedidas

Uma semana que se inicia melancólica: no domingo, despedida da filha, que voltou para os US; hoje, despedida definitiva de uma amiga, DEDEI, depois de um longo sofrimento. Saudades novas que se juntam a saudades antigas, ainda tão dolorosas…
Em compensação, reencontro meu cantinho, de onde o mar me consola com seus azuis. O céu aparece velado de malva, misterioso, mas amigável. Ainda saboreio a resenha que fiz sobre o livro do Mia Couto, e que foi publicada no JB-Idéias, de sábado. O livro, Antes de nascer o mundo, é um dos melhores dele. Foi um prazer escrever a resenha. Agora hei de me dedicar ao trabalho da UFF, que já começa a me preocupar. Preciso produzir muito para a faculdade, pois quero terminar logo o doutorado. Tenho pressa de embarcar em novas aventuras. Sonho com mudanças, com mais viagens. Me imagino tomando um carro e viajando em linha reta, sempre, sem que nada me detenha… Mas quero é ficar aqui mesmo, batendo papo com vocês, curtindo o silêncio da minha casa, meio reclusa, meio livre numa indefinição que me permita criar minhas histórias e meus textos. Li sobre um cara que fala que não acha graça em escritores, que largam da vida para ficar escrevendo sobre ela. Mas, na verdade, esta é uma forma de vida tão saborosa quanto a vida de ação e aventuras. É que somos estruturados de uma maneira diferente, vivemos através de palavras, não de ações. Custei para entender isso, mas agora já não invejo mais as amigas e os amigos que "vivem" de outra maneira. Eu também vivo, e minha vida é tão válida quanto a daqueles que estão saltando de bungee-jump, ou que passam a noite nas raves, ou que amam fisicamente. E que a vida desses outros é tão válida quanto a de uma vaca pacífica, ou de uma leoa selvagem. Ou a vida de uma barata. A vida é um fenômeno que se manifesta de diferentes maneiras e que nos maravilha, quando a contemplamos, seja do ponto Aleph ou do ponto mais subjetivo e egoísta. Escritores, bailarinos, cineastas e contadores, fiscais do imposto de renda, polícia e ladrão, macacos e pulgas, cobrimos a terra com nossos comportamentos aparentemente tão diversificados e que, no entanto, são apenas manifestações de um mesmo fato, e que, tão inesperadamente, pode desaparecer. Aproveitemos. Carpe diem, diziam os antigos, significando que devíamos lamentar a passagem de cada dia. O que vale é que traduzimos de uma maneira muito mais positiva, e dizemos: aproveitemos o momento, vivamos.

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