Wednesday, February 25, 2009

Teimosia

Então, como não consegui ver o filme, li o livro de Vikas Swarup que deu origem ao filme. Gostei, engenhoso, bem construído. Não se trata de grande literatura, mas é um livrinho gostável, de consumo rápido e divertido. Agora acho que vou dar um tempo nessa tal de Índia. Estou ficando cansada de Rams,  Shivas,  Gulab Jamuns, Masterjis e Bollywood. De miséria e excrementos, então, nem se fala. Cansei. Até minha amiga vai para a Índia, passar 20 dias. E nem vai visitar o Taj Mahal, que seria a única razão que me levaria até lá (além de um contrato para tradução e lançamento de meus livros por lá, é claro!)  Neste livro que acabo de ler, o protagonista trabalha uns tempos como guia informal do Taj Mahal, e nos descreve o monumento com tanto enleio que me deixou com água na boca. Mas no momento nada de exotismo. Sonho com Paris, mais uma vez – até do Boulevard Pereire tenho saudades! E sonho com a Itália, uma caixinha de jóias que não me canso de examinar. Mas acordo com Niterói, para onde vou estudar, e não reclamo: passar pela ponte é sempre um privilégio! Em que outro país podemos ficar engarrafados olhando para paisagens tão lindas? E lá vou eu, pelo Aterro, ou pela Lagoa, atravessando a ponte, olhando de soslaio para o caminho Niemeyer, ou pedindo a bênção para o Redentor e sorrindo para as torrezinhas petulantes da Igreja da Penha. E olho o aviãozinho vermelho que complementa o dia de praia, como um sorriso no céu. Que lindo dia! Ideal para ler...

Em tempo:
Saí e voltei carregada de livros.  Acabei sucumbindo à indicação da Cora Rónai e comprei o Hotel Yoga, com o barrigudinho do Ganesh para me trazer boa sorte. E comprei A arte da vida, do Bauman e um Guia Visual da História da Bíblia, que é uma gracinha, cheio de ilustrações e de esclarecimentos rápidos, como uma árvore genealógica de Adão a Davi, por exemplo. E também não resisti ao Conversas com o Woody Allen, que é que posso fazer? Sou fã dele! Para terminar, ainda comprei a Piauí. Daí que me desculpem, mas tenho muito que ler. E, se não aparecer para escrever aqui nos próximos dias, vocês já sabem a razão.

Tuesday, February 24, 2009

Dos Cinemas no Carnaval

Mudaram os Carnavais ou mudei eu? Antigamente, nos poucos Carnavais em que ficava no Rio, a cidade se transformava num lugar encantado: pouca gente, muitos turistas, lugares em todos os restaurantes e cinemas. Nas ruas, pouquíssimos carros. O Carnaval de rua tinha saído de moda, e só uma ou outra banda, ou um ou outro bloco mais enraizado, continuavam a tradição. Me lembro de um aqui no Leblon, de homens que se fantasiavam de mulher e jogavam futebol na praia. Não me lembro do nome, mas me lembro que todo Carnaval aquela turma saqueava os armários das mães, irmãs ou namoradas e exagerava na maquiagem, nos enchimentos, nos trejeitos. E era tudo ali, no final do Leblon, no cantinho da praia que hoje foi dedicado ao Zózimo e à Cedae. Pelas ruas, só me lembro da passagem da Banda de Ipanema. Mas não vou falar de Carnavais passados, isso já está até parecendo livro do Dickens, ou filme da Disney: cada cronista desencava o espectro dos carnavais passados, e o espírito dos carnavais futuros, para nos tocar a sensibilidade. Eu só quero mesmo é reclamar dos cinemas cheios, ou dos abusos dos administradores das salas, que alegam falta de ar condicionado, problemas no som, lugares esgotados para impedir que passemos uma tarde tranquila e divertida. Todas minhas tentativas cinematográficas foram frustradas ou frustrantes. Fui ao Estação Ipanema a fim de ver Quem quer ser um milionário. Enfrentamos fila, para comprar ingresso e para entrar na sala, e, depois de instalados em nossos lugares, fomos expulsos por um " problema no som". Fui ao IMS ver um documentário: tivemos que assistir o filme sem ar condicionado… Fui duas vezes ao Kinoplex Leblon – ingressos esgotados. Voltei ao estação Ipanema, nada de ingressos para o Quem quer ser um milionário, e acabei assistindo o casamento de Rachel. Desisti dos filmes, também, me dedico à praia e aos livros. A praia está cheia, a água está suja, mas a brisa está agradável, e os livros são amigos fiéis, não me falham. Já que não consigo ver o filme, leio o livro que originou o roteiro, presente que o Márcio me deu, envolto em colares de havaiana e em serpentina. Obrigada, Márcio! E, daqui de meu cantinho, olho as ilhas meio dissolvidas na bruma, escuto Nana Caymmi cantando, e volto para meu livro, que agita suas páginas na brisa, me chamando. Depois eu conto.

Monday, February 23, 2009

Por que não irei ao Caminho de Santiago

Não. O Caminho não é para mim, que me canso só de seguir uma banda por uns poucos quarteirões. Essa é minha grande descoberta de Carnaval – minhas limitações. Gosto de caminhar na praia, de andar para cima e para baixo pelas ruas do Leblon, achava que podia fazer uma aventura como essa de seguir a pé para alcançar um objetivo. Afinal, já desfilei na Sapucaí, tanto no primeiro grupo como no grupo de acesso, já enfrentei trilha na mata atlântica para chegar a cachoeiras, já subi e desci os Champs Elysées, de salto alto! Mas, neste Carnaval descobri que não tenho resistência para acompanhar grupos que são movidos pelo fervor de alguma coisa que pode ser chamada de religião. Não sei se foi a combinação de praia, aniversário e Carnaval, o certo é que fui derrotada por um bloco que nem é dos mais famosos, o Empurra que Pega. Já tinha me concentrado antes, no bloco mais estranho do Leblon: um que sai mas não concentra. O bloco foi embora e deixou todo mundo atrás, conversando e bebendo na Dias Ferreira. O social estava tão bom, a noite tão fresca, as cervejas tão geladinhas, acho que ninguém reparou que o carro de som tinha ido embora. Ou até achou melhor quando o carro de som partiu, pois conversar ficou muito mais tranquilo. 
Sábado lá fui eu para prestar minhas homenagens ao Empurra. Cheguei na hora, fantasiada de alguma coisa que foi interpretada como cigana (várias pessoas me pediram que lesse suas mãos, e eu não me fiz de rogada: cigana do bem, só lia coisas boas nas linhas que me apresentaram. Para uns, era a fortuna; para outros amores incontáveis e ardentes; para alguns, saúde e longa vida; para outros bons empregos; para mim mesma, uma festa – tinha encontrado o que ler até mesmo num bloco!) O problema foi que, quando o bloco começou a andar e eu a segui-lo, descobri que ali não era meu lugar. Aquele ritmo lento, o para aqui que eu vou ali, a troca de fluidos corporais e de cheiros nos inevitáveis encontrões, essas coisas só mesmo com muita devoção. Segui o bloco até o meu limite: a minha rua. Quando cheguei na minha esquina, parecia que tinha chegado às portas do paraíso! 
Resultado, no domingo, acordei cedo, mas não fui ao famoso Cordão do Boitatá, simplesmente porque ele não ia passar na minha esquina e eu não ia conseguir me libertar assim com essa facilidade. Pois tem aquela coisa dos amigos, e da longa volta para casa sozinha, e eu no fundo, no fundo, sou uma pessoa assustada, tímida e meio desanimada: animal de sangue frio, que necessita do calor do grupo para se aquecer… mas que se esgota rápido, como fogo de artifício.
O Caminho, e o Carnaval, são para aquelas pessoas que têm, dentro de si, um braseiro ardendo devagar, por muito tempo. Fico aqui, então, declarando encerrado o meu Carnaval. Vou aos filmes, aos livros, aos sonhos.

Friday, February 20, 2009

Obrigada a todos

Foi ontem, e foi bem comemorado. Aliás, ainda está sendo, hoje ainda tenho um almoço e uma ida ao Rio Cenário com os amigos. Por um lado, fazer aniversário no Carnaval, atrapalha, mas por outro, é muito bom, pois todo o mundo está em clima de alegria e comemoração. E eu topo tudo. Me perguntam: vamos à praia?, e lá estou eu de maiô e chapéu, livrinho debaixo do braço, é claro! Me convidam: vamos almoçar no restaurante super-chique e elegante?, e eu capricho no visual, dou um trato no cabelo, passo um baton e escondo o livrinho na bolsa, é claro! Me chamam: vamos bater papo no bar?, e lá vou eu de sandália e sorriso a postos, com o livrinho na mão, tomando cuidado para não sujar. Só não carrego o livro para os convites para bloco de Carnaval e festas à fantasia. Mas acho que vou inventar uma fantasia de Bibliotecária de Babel, para poder ir com meus amigos para toda parte.
Agradeço a Cris, ao Ernane, ao Amauri –tão distante, você mudou para a Rep. Dom.? – a Teka, a todos os que deixaram suas mensagens carinhosas aqui neste nosso universo de palavras. Depois escrevo mais. Hoje estou dispersa, ainda muito agitada com os festejos. E não tenho ficado satisfeita com nada o que ando escrevendo, tanto que não postei as coisas que escrevi ontem e anteontem. Talvez por estarem muito cheias de reminiscências, por serem muito pessoais, sei lá. Só sei que desisti. A falta de tempo também influiu, não gosto de escrever correndo, escrevo e leio, paro, releio, escrevo... Vou devagar, para não assustar as idéias... Ih, esqueci que ideia não tem mais acento!  Amanhã prometo que volto para escrever com mais calma, e talvez com um pouco mais de inspiração. Mas aqui ficam os agradecimentos.

Tuesday, February 17, 2009

Está chegando o dia, quase se esbarrando com o Carnaval, mas isso não pode importar a quem nasceu numa terça-feira gorda ( e como eu implico com esse nome!) Hoje estou me dando um presente. Vou cuidar de mim, para quinta-feira estar com cara de aniversariante. Mas antes, queria colocar aqui o link para o blog de um amigo -- mais um que devo a Passo Fundo e à maravilhosa Jornada Literária, o talentoso Alfredo Aquino: http://ardotempo.blogs.sapo.pt/246307.html
Ele postou os maravilhosos trabalhos que o Siron Franco fez inspirado (o horror também pode ser musa) no acidente do Césio. Olhem e pensem um instante em como a tragédia está próxima de nós. Lembrem. A arte não nos deixa esquecer, é essa sua função – eternizar e manter a nossa humanidade. Pensem. É o que nos assegura que somos humanos...

Friday, February 13, 2009

Conversas de botequim

Se pessoas tivessem um dicionário de antônimos, eu seria, certamente, o antônimo de boêmia... Nada mais distante de mim do que o desejo de ir para um bar tomar chope. Jamais aprendi a gostar de cerveja, bebidas me dão sono, já não gosto mais de comida de botequim... Então, o que me leva a aparecer ora num bar ora noutro aqui no Leblon, no Centro, ou Ipanema? Os amigos, é claro! Por uma dessas fatalidades, sou uma daquelas pessoas que, sem vocação para a boemia, acho graça no universo do Bar. Muito já se falou sobre a diferença do botequim carioca para o botequim (se é que existe) paulista, não estou dizendo nada de novo, mas acho que as diferenças começam no propósito da ida ao botequim: Ninguém vai ao botequim para beber, ou para comer. O problema é que, no verão, faz muito calor, e é preciso tomar chope para refrescar. Meus amigos me dizem que o chope é a bebida mais refrescante que existe, e eu acredito, pois sempre acredito no que meus amigos dizem, mas não me convenço...Daí que sigo na água, sem gás. Ou me aventuro na caipirinha, uma única, que pode durar toda a noite, ou voltar quase intacta para desgosto do barista (e existe isso, em botequim? talvez, em SP...) De vez em quando, tomo água tônica, até hoje não descobri por quê.
No inverno, o chope hidrata as cordas vocais, e assim vamos consumindo barris e mais barris de chope pelas noites afora. Enquanto isso, nos botequins carioca, desenrola-se o mesmo fenômeno que na praia: as pessoas se encontram, circulam, paqueram, discutem a política, o carnaval ou o futebol, comentam as leituras, reclamam da vida. Não sou tão assídua que possa fazer uma classificação dos botequins, mas já reparei que, em alguns, conversa-se mais. Em outros, paquera-se. Em outros, exibimo-nos, nós, os descolados, que conhecemos todo o mundo que é para conhecer....(ah, quem me dera...eu sou apenas platéia para os chiques e famosos) E, para cada tipo de boteco, um nível de barulho diferente. Regra geral, não se escuta música em botequim carioca, a não ser que surja, espontânea, uma roda de samba ou de violão. Mas, dia de jogo, as TV's aparecem como por milagre, e os olhos se afastam das paqueras para acompanhar os lances. Chega de nhenhenhém. Ia apenas falar da conversa de ontem à noite, com um meu "irmão em SESC", que me incentivou a continuar com meu romance, meio parado entre outros projetos. E agradecer a ele, Cremasco, pelo presente: Histórias prováveis, livro de contos que agora vou ler. Não foi com esse que ele foi premiado, foi com um romance histórico sobre a formação do estado do Paraná, uma espécie de saga familiar, chamado Santo Reis da Luz Divina. Assim mesmo, Santo no singular, pois é o nome de um personagem.
Recomendando livros para amigos, lembro aqui do A elegância do ouriço, da Muriel Barbery; dos livros de Amos Oz; dos últimos do Philip Roth. Tenho lido poucos brasileiros ultimamente, já que minhas resenhas para o Rascunho têm me levado a passear pelo mundo e pelo tempo. O último brasileiro que li foi o do Galera, Cordilheira, mas não me empolguei, embora ache que ele escreva muito bem. E que é um rapaz corajoso, tendo assumido a narração numa primeira pessoa feminina... Isso é muito século XIX, quando os homens não estavam ameaçados pelo feminismo. Hoje em dia, me admira que a crítica não tenha crucificado seu romance...

Thursday, February 12, 2009

Amigos nos jornais e revistas

Antigamente lia jornais e revistas com devoção. Mais que devoção: com atenção. Hoje leio jornal quase que com indiferença, ou inapetência, debicando um cronista aqui, uma manchete ali. A culpa não é minha, é dos jornais, dos jornalistas, ou das notícias – repetitivas, incompletas, sensacionalistas – ou talvez seja minha, que estou ficando sem graça...
Bem, apesar do progressivo desinteresse, fui criando "amigos" entre os jornalistas e cronistas. Há alguns que eu sempre leio; outros que eu leio de vez em quando e que me pergunto porque é que não sou mais assídua; outros que leio só porque o título ou a manchete me interessaram, e me pergunto porque é que ainda perco tempo lendo coisas daquele alguém...
Apesar disso, nunca ligava os nomes às pessoas, e ainda hoje tenho dificuldade em fazer isso. Como é que, a partir daquela foto de um sujeito moreno e mirrado que ilustra a coluna, vou identificar aquele senhor de óculos, mais alto do que eu – que sou alta para os padrões brasileiros, 1,70m– parecendo um professor universitário? É ele quem escreve sobre boemia? Que entende tudo de samba? 
No fim de semana passado, lá em Búzios, minha amiga me apontou: –Olha lá o Ancelmo! Ele já tinha passado, e eu fiquei olhando as costas curvadas de um senhor de sunga, queimado de sol, fazendo sua caminhada entre amigos, fascinada com essa discrepância entre imagem mental e imagem física. Depois lembrei que meus olhos não são muito confiáveis: eu me vejo no espelho de uma maneira que não corresponde em nada às fotos que tiro. Sempre me assusto ao me mostrarem minhas fotografias, e me pergunto, será que sou assim como me revelam as câmeras? Ando evitando os retratos, com medo, já que não me reconheço nas versões que elas capturam...
Digressões, digressões... Acho que tenho lido muito Proust!
Voltando aos amigos, fico feliz quando os encontro nos jornais ou nas revistas como autores ou como assunto. Outro dia foi a vez do Alberto Mussa, amigo querido, que estampou todos os cadernos de cultura de uma vez só, com seu novo e instigante livro: Meu destino é ser onça. Não é um romance, é uma recriação do mito e um estudo sobre a antropofagia, prática que tanto perturbou o imaginário europeu do século XVI (mas que já vinha atormentando os espíritos, desde sempre, e que continua a pairar ameaçadoramente nos cantos mais obscuros de nosso imaginário). Hoje, quem tem seu rosto estampado num instantâneo risonho é o Alcione Araújo, que conheci lá em Passo Fundo e que, por ser meu vizinho, já vi muitas vezes passando pela praia nas suas caminhadas matinais. Isso na página da frente do Segundo Caderno. Na de trás, a Cora Rónai, dessas "amigas de papel", apaixonada em defesa dos animais, com uma eficiência invejável em todos os gadgets moderninhos, falando (escrevendo) sobre uma coisa que me deixa sempre espantada: escapamos! Nossa cidade, antes tão princesinha, agora é traiçoeira. Nunca sabemos porque ou quando seremos o alvo da vez. Ela, com seu equipamento, escapou, embora no mesmo dia, no mesmo local, a Carol Castro tivesse sido depenada, sem que ninguém nem percebesse que algo de anormal estava acontecendo. Talvez porque roubos não sejam mais anormais. E isso na mesma edição que mostra, no mesmo local, os bandidos de classe média (média? são é classe alta!)sendo levados para os camburões, que nem chamavam a atenção parados ali em frente ao prédio de luxo.
Bem, por enquanto, fico feliz ao ver meus amigos nos jornais e revistas, pois eles ilustram coisas que julgo positivas. Um estuda nossa cultura, outro batalha pelo espaço, mais que merecido, no teatro, outra luta pela nossa casa e seus habitantes –oikoslogia. Vejo o nome de Marcelo Moutinho assinando a revista do Império Serrano, defendendo uma nossa tradição de alegria e cultura. Vejo o texto do Secchin no Rascunho, um conto inteligente, onde ele mistura Alencar e Machado com a facilidade de quem é íntimo dos dois. Leio as críticas publicadas sobre livros de amigos, ou as que os amigos escrevem sobre obras que ainda não li, leio as crônicas que me explicam novelas e emoções, fico contente de que, mesmo sentadinha aqui no meu canto, olhando minha nesguinha de mar, possa me sentir tão ligada às pessoas que admiro, em sintonia com tanta gente boa!

Tuesday, February 10, 2009

Dúvida – Escafandro – Certezas

Certezas? 
Nunca fui muito certa de nada, só de minha própria ignorância. Desde que aprendi o sei que nada sei, fiquei fã.
Mas de uma coisa estou segura: adorei as dicas da Fla, que também está caidinha de amores pelo Mac. Fácil, a gente se deixar levar pelas seduções da editoração, por exemplo. Tantos templates maravilhosos, uma aparência moderna – a tela de meu Mac me remoçou uns 20 anos! Estou quase uma roqueira, pegando a guitarra para brincar de banda, fazendo edições de imagens muito cool ...
Em compensação, o filme O escafandro e a borboleta me assustou, tocou num de meus maiores medos – a tal síndrome do encarceramento. Fiquei imaginando a força de vontade daquele cara, piscando o olho para aquela extraordinária criatura que o acompanhou na criação de seu livro, que, segundo minha concepção, pode ser chamado de póstumo, pois que diabo de vida é essa?
Já li muita coisa boa em volta desse mesmo tema. O extraordinário Feliz Ano Velho, do Marcelo Rubem (ns?)Paiva. A Balada do cárcere, não do Wilde mas do autor português de O Delfim, Joaquim Cardoso Pires, se não me engano. E uma história das Mil e uma noites, da cabeça cortada do sábio, que desejava provar ao Califa que existia vida depois da morte e que combina piscar o olho 3 vezes, para confirmar... Jean Do piscou o olho muito mais que essas três vezes, e comprovou que existe vida mesmo após essa morte do invólucro. Fiquei muito impressionada com o filme.
Ontem à noite fui assistir Dúvida – um show de interpretação numa história que, ao invés de revelar a grandiosidade humana, como é o caso do filme acima, revela o abismo da pequenez da alma humana. Também fiquei muito impressionada, mas sei que este é um filme que, com o tempo, me esquecerei. ;-) 
Me despeço com essa piscadela, sorridente, feliz por ter tantas opções para me comunicar.

Monday, February 09, 2009

Jobs or Gates

Aqui estou eu, pilotando o novo Mac, sem lembrar mais dos truques. Por exemplo: onde fica o acento agudo? Na verdade, sei onde ele se apresenta no teclado, mas nao sei usar nenhum acento, acabo de descobrir... Ficam todos fora do lugar, antes da letra. O que fazer?
So digo a voces uma coisa: Fica lindo, esse meu bloguinho tao banal, nesta tela espetacular. 
Como tenho muito que aprender e explorar, vou ficando por aqui. Outra hora eu comento os filmes que vi -- O escafandro e a borboleta, por exemplo, que tanto me impressionou. E outros.

Sunday, February 08, 2009

Búzios

Lá fui eu, passar o fim de semana em Búzios, mergulhar naquele mar transparente e caminhar na Rua das Pedras, na noite fresca e enluarada. Coisa boa. Sol, água de coco, caminhadas, conversas infindáveis e uma ou outra leitura.
Agora, de volta, as saudades e os filmes...
Quanto ao computador, acho que terminamos nossa relação de anos felizes e proveitosos, creio que em breve terei um novo amor, "sleek", gracinha, de volta aos braços da Apple. Mac foi meu primeiro amor, que, traiçoeiro, me abandonou no meio de um projeto. Mas perdoo, esqueço, e me entrego de novo, fascinada pela sua beleza e pelas gracinhas que ele já demonstrou que sabe fazer (mas, saberei eu comandar essas gracinhas?) O amor, no entanto, é cego e pouco achegado a cálculos e raciocínios. Me deixo seduzir...Vejamos onde vai dar essa nova história de amor.

Wednesday, February 04, 2009

(in)Utilidade Pública

Tudo o que eu sabia já não sei mais. Me lembro de minha avó, dizendo que, quando era menina ( e como somos arrogantes quando somos meninas!) viu uma tabuleta anunciando o preço do açúcar, escrito assim A-Ç-Ú-C-A-R, com cê cedilha (com ou sem hífen?) e acento agudo no U. Na época, a grafia correta era ASSUCAR e ela riu, zombou do pobre comerciante, que anunciava seu açúcar como ainda ontem os botequins anunciavam suas linguiças... Visionários, eles já conheciam o futuro de nossa língua e o anunciavam, enquanto nós, na embriaguês de nossa escolaridade, achávamos que éramos os donos das formas corretas.
Bem, para a gente tentar aprender alguma coisa, aqui vai uma cópia de um resumo da Reforma Ortográfica. Eu me sinto cada dia mais perdida, e dou graças a Deus pelos revisores de texto. Dedico, então, esse post a eles, e, em especial, à Fátima, da Editora Record. Obrigada por tudo, viu, querida?
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Alfabeto
Nova Regra
O alfabeto é agora formado por 26 letras
Regra Antiga
O ‘k’, ‘w’ e ‘y’ não eram consideradas
letras do nosso alfabeto.
Como Será
Essas letras serão usadas em siglas,
símbolos, nomes próprios, palavras
estrangeiras e seus derivados. Exemplos:
km, watt, Byron, byroniano
Trema
Nova Regra
Não existe mais o trema em língua portuguesa.
Apenas em casos de nomes próprios
e seus derivados, por exemplo: Müller,
mülleriano
Regra Antiga
agüentar, conseqüência, cinqüenta,
qüinqüênio, freqüência, freqüente, eloqüência,
eloqüente, argüição, delinqüir,
pingüim, tranqüilo, lingüiça
Como Será
aguentar, consequência, cinquenta,
quinquênio, frequência, frequente, eloquência,
eloquente, arguição, delinquir,
pinguim, tranquilo, linguiça.
Acentuação
Nova Regra
Ditongos abertos (ei, oi) não são mais
acentuados em palavras paroxítonas
Regra Antiga
assembléia, platéia, idéia, colméia,
boléia, panacéia, Coréia, hebréia,
bóia, paranóia, jibóia, apóio, heróico,
paranóico
Como Será
assembleia, plateia, ideia, colmeia,
boleia, panaceia, Coreia, hebreia,
boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico,
paranoico
obs: nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis.
obs2: o acento no ditongo aberto ‘eu’ continua: chapéu, véu, céu, ilhéu.
Nova Regra
O hiato ‘oo’ não é mais acentuado
Regra Antiga
enjôo, vôo, corôo, perdôo, côo, môo,
abençôo, povôo
Como Será
enjoo, voo, coroo, perdoo, coo, moo,
abençoo, povoo
Nova Regra
O hiato ‘ee’ não é mais acentuado
Regra Antiga
crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem,
relêem, revêem
Como Será
creem, deem, leem, veem, descreem,
releem, reveem
Nova Regra
Não existe mais o acento diferencial em
palavras homógrafas
Regra Antiga
pára (verbo), péla (substantivo e
verbo), pêlo (substantivo), pêra
(substantivo), péra (substantivo), pólo
(substantivo)
Como Será
para (verbo), pela (substantivo e
verbo), pelo (substantivo), pera
(substantivo), pera (substantivo), polo
(substantivo)
Obs: o acento diferencial ainda permanece no verbo ‘poder’ (3ª pessoa do Pretérito Perfeito do Indicativo - ‘pôde’) e no
verbo ‘pôr’ para diferenciar da preposição ‘por’
Nova Regra
Não se acentua mais a letra ‘u’ nas formas
verbais rizotônicas, quando precedido de ‘g’
ou ‘q’ e antes de ‘e’ ou ‘i’ (gue, que, gui, qui)
Regra Antiga
argúi, apazigúe, averigúe, enxagúe,
enxagúemos, obliqúe
Como Será
argui, apazigue,averigue, enxague,
ensaguemos, oblique
Nova regra
Não se acentua mais ‘i’ e ‘u’ tônicos em
paroxítonas quando precedidos de ditongo
Regra Antiga
baiúca, boiúna, cheiínho, saiínha, feiúra,
feiúme
Como Será
baiuca, boiuna, cheiinho, saiinha, feiura,
feiume
Hífen
Nova Regra
O hífen não é mais utilizado em palavras
formadas de prefixos (ou falsos prefixos)
terminados em vogal + palavras iniciadas
por ‘r’ ou ‘s’, sendo que essas devem ser
dobradas
Regra Antiga
ante-sala, ante-sacristia, auto-retrato,
anti-social, anti-rugas, arqui-romântico,
arqui-rivalidade, auto-regulamentação,
auto-sugestão, contra-senso, contraregra,
contra-senha, extra-regimento,
extra-sístole, extra-seco, infra-som,
ultra-sonografia, semi-real, semi-sintético,
supra-renal, supra-sensível
Como Será
antessala, antessacristia, autorretrato,
antissocial, antirrugas, arquirromântico,
arquirrivalidade, autorregulamentação,
contrassenha, extrarregimento,
extrassístole, extrasseco, infrassom,
inrarrenal, ultrarromântico, ultrassonografia,
suprarrenal, suprassensível
obs: em prefixos terminados por ‘r’, permanece o hífen se a palavra seguinte for iniciada pela mesma letra: hiper-realista, hiperrequintado,
hiper-requisitado, inter-racial, inter-regional, inter-relação, super-racional, super-realista, super-resistente etc.
Nova Regra
O hífen não é mais utilizado em palavras
formadas de prefixos (ou falsos prefixos)
terminados em vogal + palavras iniciadas
por outra vogal
Regra Antiga
auto-afirmação, auto-ajuda, autoaprendizagem,
auto-escola, auto-estrada,
auto-instrução, contra-exemplo,
contra-indicação, contra-ordem,
extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura,
intra-ocular, intra-uterino, neoexpressionista,
neo-imperialista, semiaberto,
semi-árido, semi-automático,
semi-embriagado, semi-obscuridade,
supra-ocular, ultra-elevado
Como Será
autoafirmação, autoajuda, autoaprendizabem,
autoescola, autoestrada, autoinstrução,
contraexemplo, contraindicação,
contraordem, extraescolar,
extraoficial, infraestrutura, intraocular,
intrauterino, neoexpressionista,
neoimperialista, semiaberto, semiautomático,
semiárido, semiembriagado,
semiobscuridade, supraocular, ultraelevado.
Obs: esta nova regra vai uniformizar algumas exceções já existentes antes: antiaéreo, antiamericano, socioeconômico etc.
Obs2: esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por ‘h’: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, semiherbáceo
etc.
Nova Regra
Agora utiliza-se hífen quando a palavra é
formada por um prefixo (ou falso prefixo)
terminado em vogal + palavra iniciada pela
mesma vogal.
Regra Antiga
antiibérico, antiinflamatório, antiinflacionário,
antiimperialista, arquiinimigo,
arquiirmandade, microondas, microônibus,
microorgânico
Como Será
anti-ibérico, anti-inflamatório, antiinflacionário,
anti-imperialista, arquiinimigo,
arqui-irmandade, micro-ondas,
micro-ônibus, micro-orgânico
obs: esta regra foi alterada por conta da regra anterior: prefixo termina com vogal + palavra inicia com vogal diferente =
não tem hífen; prefixo termina com vogal + palavra inicia com mesma vogal = com hífen
obs2: uma exceção é o prefixo ‘co’. Mesmo se a outra palavra inicia-se com a vogal ‘o’, NÃO utliza-se hífen.
Nova Regra
Não usamos mais hífen em compostos que,
pelo uso, perdeu-se a noção de composição
Regra Antiga
manda-chuva, pára-quedas, páraquedista,
pára-lama, pára-brisa, párachoque,
pára-vento
Como Será
mandachuva, paraquedas, paraquedista,
paralama, parabrisa, párachoque,
paravento
Obs: o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e constiui unidade sintagmática
e semântica, mantendo o acento próprio, bem como naquelas que designam espécies botânicas e zoológicas: ano-luz,
azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor, erva-doce,
mal-me-quer, bem-te-vi etc.
Observações Gerais
O uso do hífen permanece
Exemplos
Em palavras formadas por prefixos ‘ex’,
‘vice’, ‘soto’
ex-marido, vice-presidente, soto-mestre
Em palavras formadas por prefixos ‘circum’ e
‘pan’ + palavras iniciadas em vogal, M ou N
pan-americano, circum-navegação
Em palavras formadas com prefixos ‘pré’,
‘pró’ e ‘pós’ + palavras que tem significado
próprio
pré-natal, pró-desarmamento, pós-graduação
Em palavras formadas pelas palavras ‘além’,
‘aquém’, ‘recém’, ‘sem’
além-mar, além-fronteiras, aquém-oceano, recém-nascidos, recém-casados,
sem-número, sem-teto
Não existe mais hífen
Em locuções de qualquer tipo (substantivas,
adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais,
prepositivas ou conjuncionais)
Exemplos
cão de guarda, fim de semana, café
com leite, pão de mel, sala de jantar,
cartão de visita, cor de vinho, à vontade,
abaixo de, acerca de etc.
Exceções
água-de-colônia, arco-da-velha, corde-
rosa, mais-que-perfeito, pé-demeia,
ao-deus-dará, à queima-roupa

Esta tabela foi desenvolvida Diego Guerra a partir do texto recebido por email para todos aqueles que estão ficando
malucos com a reforma ortográfica. Ela pode ser livremente distribuída, copiada e impressa.
Acesse o site www.diggs.com.br.

Matriculada!

Bem, já tratei da matrícula: mais um semestre, vejam só. Ainda outro dia estava pensando se retomava ou não meu projeto e agora já vou para o terceiro semestre. Já-já acabo. Tinha uma música em 1900 e antigamente que dizia que o mundo gira depressa/ e nessas voltas eu vou/ cantando a canção tão feliz/ que diz: Ai Lili, ai Lili, ai lou!
Pois é, não sei se vou cantando a canção tão feliz, até porque só tenho um fiapo de voz. Ah, que inveja de minhas amigas de vozes aveludadas e fortes, ou roucas e sexy. Minha voz é trêmula, entremeadas de risadas, insegura como a de uma criança de 4 anos. E falo baixinho, às vezes nem falo -- prefiro ficar calada quando estou no meio de estranhos. Mas, em compensação, quando estou com amigos às vezes falo demais -- até eu canso de mim mesma!
Agradeço a todos. Por favor, Guilherme, mande seu poema para historiaspossiveis@gmail.com. Já encaminhei o conto do Leo para lá. Fico muito feliz com a colaboração de vocês. Nossa nova editora, a Dani, está fazendo a seleção, mas, se não saírem nesse número, sairão em outro, não se preocupem.
Adoro todos vocês.

Tuesday, February 03, 2009

Falha no calendário

Gente, ontem é que foi o dia de Iemanjá! Não sei porque, mas eu estava vivendo um dia atrasada, achando que ainda estava no dia 1 de fevereiro. Fevereiro, mês tão curtinho, e eu ainda roubo mais um dia dele. Tadinho, meu mês não merece isso. Vamos deixar que o sol brilhe em todos os dias deste mês tão verão, tão carnaval, tão humildemente apertado entre os 31 dias do Janeiro de duas caras e os outros 31 do belicoso Março.
Obrigada, Guido, pelas dicas. Acho que minha crise é puramente postural, pois, sentada aqui com o laptop ao invés do computador, forço não só as costas como os olhos. Mas o computador está com um virus renitente; meu filho, que agora tem tido um pouco mais de tempo, continua se esforçando para limpá-lo, mas os virus estão cada vez mais ardilosos e matreiros.
Tenho boas notícias: O blog onde colaboro, Histórias Possíveis, esteve ameaçado de se acabar com a saída do André, meu mano em SESC, amigo ferido pela depressão. Agora, não só André parece um pouco melhor, mas o grupo decidiu não deixar que o trabalho dele se extinguisse. Ele tira umas férias da gente, mas nós guardaremos o lugar dele, e manteremos nossas histórias, com nova cara e com muita saudade.
Estamos convidando amigos para colaborar no site, também. E aí, Chris? E aí Guido? Vocês se animam?E aí, Eugênia sumida? Vera Helena? Vamos fazer um número "temático", Carnaval é o mote. Aceitamos de tudo -- poemas, crônicas e contos, ou ilustrações. Mandem alguma coisa, sim? Todos são benvindos.

Monday, February 02, 2009

Ogunhê!

Acabo de receber esta imagem, por e-mail, de uma amiga querida e sempre alegre. Ela me informa que este ano estamos sob a proteção de Ogum e de Iansã cujas cores são o verde e o vermelho. Ogum, o cavaleiro da esperança, Iansã, a senhora dos raios, cantada por Betânia, tudo gente boa. No calendário chinês, o ano que acaba de começar é o do Boi -- paciente e trabalhador, ele nos ajuda a plantar as boas sementes. Vejam, temos bons augúrios para nossa vidinha. Eu, por via das dúvidas, já vou fazendo minhas homenagens também a Iemanjá, cujo dia é amanhã, agradecendo as águas mansinhas e de temperatura amena do mar. Desde sexta-feira que me maravilho com os banhos nas ondas calmas e brincalhonas, só lamento um pouco a inevitável sujeira, já que choveu tanto no início da semana.
Ando ainda com problemas cibernéticos e com uma terrível crise de coluna. Não escrevo mais, essa posição é muito forçada para mim. Mas mando meu carinho para todos os que me lêem.