Tuesday, July 17, 2007

Vã guarda

Gente, será que virei vã guarda?
Nunca esteve nos meus planos sair na frente, agitando bandeiras, como a Marianne (aquela que é símbolo da República Frencesa). Mas, de repente, não mais que de repente, estou aqui como signatária do manifesto 00.
Para vocês saberem do que se trata, leiam abaixo. E riam, pois acho que é o único remédio.

MANIFESTO 00

A literatura nos une. O humor nos desune.

Todas as vozes. Todas as particularidades. Todos os estilos. Todas as ausências de estilos. Somos o que nos falta. Somos o que falta ao outro. Somos o que falta à falta.

Abaixo os manifestos.

Pela despapelização das idéias e pela idealização dos papéis

Não julgue o poeta pela métrica ou pela ausência de métrica.

Pelo silêncio que antecedeu o Big Bang.

Abaixo os romances narrados e/ou protagonizados por répteis, aves, cães, padres, poetas, assassinos em série e afins.

Vá às escolas e fale sobre livros e autores; aprenda e seja apreendido.

Deus não existe.

O futuro a Deus pertence. O futuro, adeus.

Trate o leitor com respeito suficiente para não subestimá-lo – ou superestimá-lo.

Não trate a imprensa com condescendência. Não aceite ser tratado com condescendência pela imprensa.

Incorpore a merda e o sangue derramados. Mas com amplos significados, é claro. E com sutileza, por favor.

Não critique quem aceitar trabalhos sob encomenda.

Aceite encomendas e torne-as algo seu.

Abaixo os bons sentimentos. Bons sentimentos causam câncer.

Abaixo as boas intenções. Boas intenções causam câncer.

A boa literatura é amoral. E o bom escritor, imoral.

Não menospreze qualquer vencedor de concurso, ainda mais se você tiver participado – e perdido.

Não supervalorize qualquer vencedor de concurso, ainda mais se você tiver participado – e vencido.

Em literatura, o acaso não existe. Você descobrirá isso um dia, por acaso.

Chame as coisas pelos nomes. Especialmente quando tratar de sexo.

Abaixo toda e qualquer metafísica.

Contra a metaforização excessiva.

Realidade: menos metafórica, mais metadêntrica.

Abaixo os nefelibatas alcoólicos, os crentes de uma suposta superioridade dos escrevinhadores e literatos, os que se fiam em transes e inspirações divinas ou demoníacas ou lisérgicas ou político-partidárias.

O diabo não existe. Karl Marx está morto.

Não à demagogia travestida de "consciência social", à incivilidade, à barbárie travestida de "contestação", ao movimento dos não-alinhados, aos suicidas frustrados, à invasão das salsichas gigantes, à terceira via, às balas perdidas, à literatura engajada.

Não a quaisquer bairrismos.

Unamo-nos todos na suruba dos diametralmente opostos.


Por ANDRÉ DE LEONES, HENRIQUE RODRIGUES, VANDRÉ ABREU, LÚCIA BETTENCOURT e WESLEY PERES.


5 comments:

Anonymous said...

Vc está para este movimento como a Rita lee estava para os Mutantes...
PS: O André o Arnaldo Baptista

André de Leones said...

Ehê! Adoro os Mutantes!!!

Anonymous said...

William James definiu algures a Metafísica como apenas um esforço extraordinariamente obstinado para pensar com clareza.
0 leitor é exortado.
De fato, se o conflito entre certas convicções do senso comum não for tão-só aparente, mas real, então algumas dessas convicções estão fadadas a ser falsas.
by juca

Anonymous said...

Um real. Nem mais, nem menos.

Anonymous said...

inaccurate tiny hermeneutics surge expired arizonas sites groupitaly pits ethos pdas
semelokertes marchimundui